Tirar os sapatos antes de entrar em casa: um hábito saudável
Muitas pessoas ainda estranham quando, ao visitar um amigo ou parente, lhes é pedido que retirem os sapatos e os deixem na entrada da residência. Algumas dessas pessoas podem até se aborrecer e chegar a criticar o pedido. Mas não deviam. Afinal, o que os donos da casa estão fazendo é um ato de proteção à saúde deles e dos demais que frequentam seu lar.
O costume de retirar os sapatos antes de entrar em casa é comum em diversas culturas ao redor do mundo, como no Japão, na Coreia do Sul, em alguns países nórdicos e em várias partes do Oriente Médio. Apesar de parecer um simples gesto de cortesia ou tradição, essa prática carrega importantes benefícios para a saúde e a higiene doméstica, além de impactar positivamente na organização do lar.
Do ponto de vista da saúde, tirar os sapatos na entrada de casa reduz significativamente a quantidade de sujeira, bactérias e toxinas que são trazidas da rua para o interior do ambiente doméstico.
Geralmente associamos limpeza geralmente à sujeira visível. Mas no caso dos calçados, o que se esconde sob a superfície é microscópico e muitas vezes bem perigoso. Estudos mostram que as solas dos sapatos carregam uma grande variedade de microrganismos, incluindo bactérias perigosas como a Clostridium difficile, que pode causar infecções intestinais graves, e a Escherichia coli, associada a contaminações alimentares. Ao caminhar com os sapatos pela casa, essas bactérias podem se espalhar pelos pisos e superfícies, aumentando o risco de infecções, especialmente para crianças pequenas que brincam no chão e para animais de estimação. Um estudo da Universidade do Arizona comprovou que 96% dos sapatos testados apresentavam bactérias coliformes, geralmente encontradas em fezes.
Além das bactérias, os sapatos também acumulam toxinas ambientais, como resíduos de pesticidas e metais pesados, provenientes de calçadas, gramados tratados e ruas poluídas. A exposição contínua a esses elementos dentro de casa pode, ao longo do tempo, impactar a saúde respiratória e dermatológica dos moradores. Portanto, ao adotar o hábito de deixar os sapatos do lado de fora ou em um local apropriado próximo à entrada, reduz-se significativamente a carga de poluentes internos.
Outro benefício importante é o controle da limpeza doméstica. Casas onde se adota o costume de não usar sapatos tendem a ter pisos mais limpos, necessitando de menos limpezas pesadas. Isso não só facilita a manutenção do lar como também reduz o acúmulo de poeira, o que é especialmente vantajoso para pessoas com alergias respiratórias ou asma.
Mas, apesar de tantos benefícios, ainda há quem resista a esse hábito. As razões para isso são diversas. Em muitas culturas ocidentais, por exemplo, andar com sapatos dentro de casa é algo considerado normal e até mesmo esperado em ambientes de recepção social. Para algumas pessoas, retirar os sapatos pode ser visto como um gesto incômodo ou inadequado, especialmente durante visitas formais. Há também quem associe ficar descalço a uma sensação de desconforto, seja por questões de temperatura, por costume ou até mesmo por insegurança quanto à aparência dos pés.
Além disso, a falta de uma área apropriada na entrada — como um espaço para guardar sapatos ou oferecer chinelos limpos aos visitantes — pode dificultar a implementação do hábito em alguns lares. Em prédios antigos ou casas menores, muitas vezes não há um hall de entrada onde esse ritual possa ser praticado de maneira prática e confortável.
Para superar essas resistências, é importante mudar a percepção cultural sobre o gesto, destacando seus benefícios para a saúde e para o bem-estar doméstico. Criar um espaço organizado próximo à entrada, com tapetes, prateleiras para calçados e chinelos disponíveis para familiares e visitantes, pode tornar essa transição mais natural e convidativa.
Retirar os sapatos antes de entrar em casa é um hábito simples que promove uma casa mais limpa, saudável e acolhedora. Apesar das resistências culturais e pessoais, o aumento da conscientização sobre os riscos à saúde relacionados aos calçados usados na rua pode inspirar mais pessoas a adotar essa prática no dia a dia. Afinal, cuidar do ambiente em que vivemos é também uma forma de cuidar da nossa própria saúde e DA segurança daqueles que compartilham o lar conosco.