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Por que Donald Trump passou a criticar o Pix?

12/09/2025
Sistema de pagamentos brasileiro é alvo de críticas


Nos últimos meses, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, conhecido como Pix, tornou-se alvo de críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A questão pode parecer estranha à primeira vista: afinal, trata-se de uma ferramenta nacional, usada para transferências rápidas e gratuitas entre cidadãos brasileiros. Mas o que está por trás desse embate é a influência econômica e tecnológica que o Pix vem exercendo e o impacto que causa em grandes empresas internacionais de pagamentos.

O que é o Pix?
O Pix foi lançado em 2020 e revolucionou a forma como os brasileiros movimentam dinheiro. Em poucos segundos, qualquer pessoa pode transferir valores a qualquer hora do dia, sem depender de bancos abertos ou de cartões de crédito. Com mais de 70% da população utilizando a ferramenta, ele se consolidou como um dos meios de pagamento mais utilizados do país. Sua grande vantagem é a gratuidade para pessoas físicas e o baixo custo para empresas, o que o torna muito competitivo diante de modelos tradicionais.

Por que Trump vê problemas?
O governo americano abriu uma investigação comercial contra o Brasil alegando que o país estaria favorecendo um sistema nacional em detrimento da concorrência internacional. A principal queixa vem do setor de cartões de crédito e débito, dominado por empresas norte-americanas. Com o crescimento acelerado do Pix, essas companhias perderam espaço e receitas, já que as taxas cobradas em transações diminuíram bastante.
Outro ponto sensível é que o Pix não parou na transferência simples entre pessoas. Hoje ele já permite pagamentos em lojas físicas, compras online e até parcelamentos, o que amplia sua concorrência com as operadoras de cartão. Para empresas estrangeiras, esse avanço representa uma mudança drástica nas regras do jogo e ameaça um mercado que, por décadas, garantiu lucros bilionários.

A lógica da disputa comercial
Trump sustenta que o Brasil estaria criando barreiras à competição justa, ao oferecer um sistema desenvolvido pelo governo que reduz as margens de atuação de companhias privadas. A legislação comercial dos EUA permite esse tipo de investigação e abre caminho para a aplicação de medidas de retaliação, como tarifas adicionais sobre produtos brasileiros. Na prática, portanto, trata-se de um movimento político e econômico: proteger empresas americanas de um modelo inovador que surgiu em outro país.

A resposta brasileira
As autoridades brasileiras defendem que o Pix não é uma empresa, mas sim uma infraestrutura pública. Ele está disponível para qualquer instituição financeira, nacional ou estrangeira, que deseje operar no Brasil. O Banco Central argumenta que seu objetivo é aumentar a inclusão financeira, dar mais opções aos cidadãos e estimular a competitividade, e não restringir o mercado. Por isso, a acusação de “deslealdade” não faria sentido.

O que está em jogo
No fundo, o embate em torno do Pix é um exemplo claro de como tecnologia, economia e política internacional se entrelaçam. Uma inovação pensada para facilitar a vida dos brasileiros ganhou proporções tão grandes que passou a incomodar interesses de empresas globais. Para os Estados Unidos, o avanço do Pix simboliza uma ameaça a modelos de negócio consolidados. Para o Brasil, trata-se de uma conquista nacional, que ampliou o acesso da população ao sistema financeiro.

Ainda não está claro quais medidas os EUA poderão adotar ao final da investigação. O certo é que o Pix, além de ser uma solução prática no dia a dia dos brasileiros, tornou-se também um símbolo de soberania tecnológica — capaz de provocar reações até nas maiores potências do mundo.

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