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Eu rio, tu ris, ele ri...

22/08/2025
Por que rimos?

A gente nem se dá conta quando sorri ou quando vê um sorriso no rosto de uma criança, mas você sabia que o riso é um fenômeno universal, presente em todas as culturas humanas e observado em diferentes contextos sociais?

Embora muitas vezes seja associado ao humor, às piadas ou a momentos de diversão, sua origem e funcionamento vão muito além do aspecto cultural. Trata-se, na realidade, de um reflexo biológico complexo, com raízes profundas na evolução da espécie humana e que desempenha papéis fundamentais tanto no organismo quanto nas relações sociais.

Do ponto de vista biológico, o riso surge como uma resposta involuntária do corpo a determinados estímulos. Ele é produzido pela contração rítmica de músculos do rosto, especialmente ao redor da boca e dos olhos, e pelo funcionamento coordenado do sistema respiratório, que libera sons característicos. Pesquisas em neurociência mostram que o riso envolve áreas específicas do cérebro, como o córtex pré-frontal, o sistema límbico e regiões ligadas à produção da fala e das emoções. Ou seja, trata-se de um processo integrado, no qual o corpo e a mente reagem de forma automática a estímulos emocionais ou sociais.

Sua origem evolutiva está associada à necessidade de sobrevivência em grupo. Antes mesmo de desenvolvermos a linguagem verbal, nossos ancestrais precisavam de sinais claros para comunicar intenções, transmitir segurança ou indicar ausência de perigo. O riso, nesse sentido, funcionava como um marcador social: uma forma de demonstrar que determinada situação era inofensiva, que havia cooperação ou que a tensão havia sido quebrada. Assim, rir tornou-se uma ferramenta importante de coesão social, fortalecendo vínculos entre indivíduos e facilitando a vida em comunidade.

Além de seu papel social, o riso tem efeitos fisiológicos benéficos. Quando rimos, o corpo libera endorfinas, substâncias que proporcionam sensação de prazer e bem-estar. Também há redução dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e melhora da circulação sanguínea, do sistema imunológico e até da capacidade respiratória. Não é por acaso que se costuma dizer que o riso “faz bem para a saúde”: ele é, de fato, um mecanismo natural de equilíbrio emocional e físico.

Curiosamente, o riso não é exclusivo dos seres humanos. Alguns animais apresentam comportamentos que podem ser comparados ao riso, revelando que esse reflexo tem raízes evolutivas anteriores ao Homo sapiens. Os chimpanzés, por exemplo, emitem sons semelhantes a gargalhadas durante brincadeiras, especialmente quando estão sendo perseguidos em jogos de pega-pega. Esses sons não apenas indicam diversão, mas também ajudam a sinalizar que a interação é amistosa e não uma luta real. Gorilas também apresentam vocalizações associadas ao riso em momentos de brincadeira ou contato social.

Outro exemplo vem dos ratos, que produzem sons ultrassônicos quando são acariciados ou durante jogos entre si. Esses sons, embora imperceptíveis ao ouvido humano sem equipamentos específicos, têm sido identificados por cientistas como formas rudimentares de riso, já que estão ligados a estados de prazer e sociabilidade. Esses casos reforçam a ideia de que o riso tem funções adaptativas ligadas à convivência, não se restringindo apenas à nossa espécie.

Assim, o riso é muito mais do que uma simples resposta a uma piada ou situação engraçada. Ele é um reflexo biológico com raízes profundas na evolução, uma ferramenta de comunicação social e um mecanismo de bem-estar físico e emocional. Ao estudar suas origens e suas manifestações em humanos e em outros animais, percebemos que o riso é parte essencial da vida, um elo que conecta indivíduos, fortalece laços e contribui para a sobrevivência e a harmonia dos grupos sociais.

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