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O que são Psicodermatoses?

Por Dra. Patricia Magalhães
Na prática da dermatologia, nem tudo se restringe apenas à pele, ou seja, nem tudo...
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Na prática da dermatologia, nem tudo se restringe apenas à pele, ou seja, nem tudo que se manifesta na pele, tem origem nela. Muitas vezes, a pele é uma via de manifestação de problemas emocionais, por vezes de sofrimentos e traumas psicológicos passados, que influenciam negativamente o equilíbrio do nosso bem estar psicoemocional. Esse desequilíbrio é capaz de desencadear hábitos autoagressivos, agravar doenças cutâneas simples e até desencadear dermatoses mais específicas.

Sabemos que o hábito de cutucar espinhas ou outras pequenas lesões da pele não é muito “saudável” e determinadas pessoas, em momentos de maior ansiedade ou estresse, encontram nesse ato de autoagressão uma válvula de escape, promovendo verdadeiros machucados na pele, piorando o problema, e não raramente deixando marcas permanentes. Essas pessoas podem manifestar desde um traço de ansiedade leve a moderado, até um quadro de depressão mais sério, que deveria ser avaliado e tratado em conjunto com um profissional da área de saúde mental, como um psicólogo e/ou psiquiatra.

Outras pessoas sentem que seus problemas de pele - seja a caspa ou eczema seborreico, a psoríase, a acne - pioram em períodos de dificuldades e estresse, no trabalho ou em casa. 

Não é incomum que um evento emocionalmente traumático, como a morte de alguém querido, separações, perda de emprego ou mudança de cidade, seja um fator desencadeante para determinadas doenças de pele, como o vitiligo, psoríase, alopecia areata, entre outras. Essas condições, apesar de terem um componente genético, geralmente apresentam íntima correlação com o aspecto emocional do paciente. Além disso, a aparência da pele acometida pela dermatose de forma extensa, por vezes promove sentimentos e atitudes de exclusão, repulsa e distanciamento das pessoas, o que piora ainda mais o quadro emocional do paciente.


A busca pela beleza a todo custo e a resistência ao processo de envelhecimento natural muitas vezes fazem com que certas pessoas queiram o impossível, e insistentemente procuram técnicas e tratamentos estéticos para a perfeição.

Essas pessoas podem sofrer de dismorfofobia, onde a percepção da sua autoimagem é distorcida, e pequenas imperfeições representam problemas graves e frustrantes, uma fonte eterna de infelicidade.

Casos de distúrbios psiquiátricos também podem se manifestar com sintomas na pele, decorrentes de ilusões como a presença de “parasitas”, ou sensações dolorosas intensas sem causa justificável.

Vimos que a pele, apesar de ser um órgão externo, representa uma via de interligação importante com nosso interior, sendo capaz de manifestar os mais profundos sentimentos e desequilíbrios. Um bom exame dermatológico por vezes traz mais informações do que o relato do paciente. Cabe ao dermatologista exercitar cada vez mais sua sensibilidade para perceber os sinais e poder ajudar de forma integral ao seu paciente. É indicado a avaliação de cada caso de forma individual e, se necessário, o tratamento associado com psicoterapias, psicofármacos, e outras técnicas promotoras de qualidade de vida. O trabalho em conjunto com profissionais especializados é fundamental e deve ser estimulado pelo dermatologista sempre que necessário.

* A dermatologista Patrícia  Magalhães é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia do RJ – SDRJ.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Rio de Janeiro . Publicação autorizada.

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