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Rússia submerge com os tripulantes do submarino

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O dia 12 de agosto de 2000 certamente será lembrado na história da Rússia como um marco de vergonha e golpe no que ainda restava do seu orgulho nacional. Até dez anos atrás, esta era a segunda potência militar do planeta. O submarino russo Kursk, que encalhou a 108 metros de profundidade no Mar de Bárents — entre a costa noroeste da Rússia e a Noruega — expôs de vez ao mundo a decadência do país depois dos anos da Guerra Fria.

O acidente com o submarino aconteceu no sábado, dia 12, quando a embarcação foi a pique com 118 tripulantes a bordo. Não se sabe ao certo o que motivou o acidente. Há suspeitas de que dois torpedos tenham explodido dentro do submarino, o que teria causado as avarias na parte dianteira. Um submarino nuclear norte-americano, de acordo com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, registrou as explosões.
 

Independente do que tenha acontecido naquele sábado, o fato é que a primeira equipe de resgate só chegou ao submarino oito dias depois, mas nenhum dos 118 tripulantes do Kursk conseguiu sobreviver.

Orgulho, ineficiência e falta de solidariedade humana misturam-se no episódio com o Kursk. Somam-se a estes fatores as duríssimas condições climáticas daquela região. Situado acima do Círculo Polar Ártico, o Mar de Bárents tem águas geladas, com correntes fortes, o vento e a chuva são permanentes, e as ondas chegam a até cinco metros de altura.

Velhos hábitos — As primeiras notícias do desaparecimento do Kursk começaram a ser divulgadas no domingo. Mas a Rússia, indiferente ao resto do mundo, agiu como em tempos idos do "velho" comunismo. O governo russo demorou quatro dias para aceitar a ajuda oferecida por outros países, entre eles os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, preocupado em guardar sigilo sobre seus segredos militares.

Havia ainda o receio de que as equipes de resgate estrangeiras pudessem infiltrar espiões submarino afundado, que se encarregariam de observar os detalhes de construção e de tecnologia. Para agravar ainda mais, o orgulho russo resistia em expor sua própria incapacidade diante do problema. Por tudo isto, a Rússia colocou em jogo a vida de seus 118 cidadãos. Supõe-se que dois terços dos tripulantes tenham morrido no próprio sábado. Os outros, acredita-se, tenham passados horas de total desespero num ambiente escuro, com pouco oxigênio e com temperaturas próximas de zero.

Os esforços para salvar os sobreviventes só começaram efetivamente na terça-feira, dia 15, quando um navio russo de resgate tentou acoplar à escotilha do submarino o Kolokol — uma espécie de sino ligado por cabo ao navio e manobrado por controle remoto. O equipamento era antiquado e, para piorar ainda mais as coisas, o Kursk encontrava-se a uma inclinação de 60º, o que impedia a conexão do sino à escotilha.

A segunda tentativa também fracassada foi feita com um minissubmarino russo, Pritz, movido a baterias antigas que duram apenas três horas. Só na quarta-feira, a Rússia colocou na operação de resgate seu mais moderno minissubmariono, o Bester. Nesse mesmo dia, o governo russo cedeu e resolveu aceitar ajuda estrangeira. A Inglaterra então enviou o melhor submarino da sua frota, o LR5, com a previsão de começar a operar no sábado seguinte ao acidente.

Na sexta-feira, sete dias após o desastre, o Bester chegou ao Kursk. Mas o casco do submarino estava tão danificado que a cápsula de resgate do minissubmarino não conseguiu abrir a escotilha, para permitir o acesso à embarcação. A descida do Bester, no entanto, revelou a real situação dos estragos no Kursk. Uma câmera filmou o enorme buraco na parte dianteira do submarino – onde ficava a ponte de comando, local em que estava a maior parte da tripulação.

O silêncio de Putin — Foi só nesse dia que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, retornou a Moscou, interrompendo suas férias num balneário no Mar Negro. Putin já havia sido duramente criticado pela população russa por omissão e silêncio. O presidente russo se justificaria dizendo que, desde o início, sabia que havia poucas chances de salvar os 118 tripulantes do Kursk.

No sábado, dia 19 de agosto, oito dias depois do acidente, o governo declarava em pronunciamento oficial que não havia mais esperanças de que fossem encontrados sobreviventes. Mesmo assim, mergulhadores noruegueses

desceram no domingo até o Kursk para checar as condições do submarino. Ao abrir a escotilha traseira — que dava acesso aos compartimentos que se julgavam isolados da inundação — os mergulhadores noruegueses encontraram o único compartimento onde ainda seria possível existir ar completamente inundado. Ali estava a conformação de que todos os tripulantes já estavam mortos.

O mais curioso é que a tarefa que os russos tentaram realizar, sem sucesso, durante uma semana, foi executada em menos de 48 horas pelos noruegueses.

A partir daí, as missões de resgate internacionais saíram do local e a Rússia iniciou o trabalho de recuperação dos corpos e dos reatores nucleares do Kursk.

 

NO FUNDO DO POÇO

Clóvis Rossi – Folha On Line – 16/08/00

O acidente com o submarino russo que ficou encalhado no fundo do mar Ártico parece uma metáfora da própria situação da Rússia: como o submarino, o país também chegou ao fundo do poço.

É verdade que não se trata do primeiro, mas do terceiro acidente do genêro com submarinos russos. Mas, de todo modo, é eloqüente a respeito da deterioração não apenas da frota mas do próprio país a avaliação que o coronel Terence Taylor, do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (Londres), fez para o jornal "Financial Times": "É um trágico acidente, mas acho que ninguém pode se surpreender muito. Dado o estado técnico da frota e o moral da Marinha, está se chegando muito perto da linha a partir da qual é mais seguro para a frota russa ficar fora do mar".

O que é inacreditável é que Taylor está falando do que era, até 10 anos atrás, a segunda maior potência do planeta. Por extensão, a segunda força militar da face da Terra. Como é que, em tão pouco tempo, a ex-União Soviética passou de uma posição de força para um estágio tão miserável que os especialistas aconselham seus navios a sair do mar?

Dá até para supor que o Ocidente exagerou o potencial da URSS, inclusive o militar, para justificar seu próprio armamentismo. Afinal, em apenas 10 anos, parece pouco razoável imaginar que uma potência de primeira classe pudesse se transformar em paiseco de quinta categoria, no mar ou em terra. Não pense o leitor que estou fazendo apologia velada do comunismo. Há infinitas evidências de que fracassou — e não apenas na União Soviética. Mas o fracasso de um sistema não quer dizer, necessariamente, que o seu contraponto (no caso o capitalismo) seja o ideal. A Rússia é a prova viva. Podem até dizer que seu capitalismo dos últimos 10 anos é torpe e mafioso, mas nem por isso é menos capitalismo.

E acabou no fundo do mar.

 

Guerra Fria

Texto do professor de História Edgar Pêcego, do Bahiense

Guerra Fria é o nome dado para definir as relações internacionais do período 1946-1989. Esta foi uma fase marcada pela bipolaridade, isto é, pela existência de duas superpotências militares, com capacidade para destruir o planeta numa guerra nuclear. Elas se estruturavam em projetos opostos de sociedade — os EUA, capitalista, e as URSS, socialista.

Uma característica fundamental para este termo foi o fato de que, apesar das tensões latentes e dos conflitos localizados, nunca houve um confronto militar direto entre as duas superpotências, exatamente pelo que isto representaria, a potencial destruição do planeta.

O final da Segunda Guerra Mundial, com a vitória das forças da Grande Aliança, parecia ser o início de um período de paz e harmonia internacional. Mas, na verdade, a Conferência de Ialta, em fevereiro de 1945, demonstrava a política de divisão do mundo em duas esferas de influência.

O Estado soviético, sob liderança de Stálin, deixava claro que não permitiria a reedição do cerco que o país socialista sofrera ao final da Primeira Guerra Mundial, quando fora constituído o cordão sanitário, formado por Estados hostis ao socialismo na fronteira da República Federativa Socialista Russa (URSS, após 1922). Com as tropas do Exército Vermelho chegando a Viena, Stálin deixava claro que a Europa Oriental seria área de influência soviética, enquanto aceitava a hegemonia norte-americana na Europa Ocidental.

Mas este acordo não resistiu aos primeiros desentendimentos gerados após a derrota do inimigo comum, a Alemanha nazista. Logo se evidenciaram as divergências a respeito dos conceitos de democracia e liberdade existentes entre os dois mundos. O Discurso de Churchill, em Fulton (1946), e a Doutrina Truman, estabelecida a partir das questões grega e turca, em 1947, geraram a reação soviética da Doutrina Zdanov, no mesmo ano.

Em ambos os casos, a idéia central é profundamente maniqueísta — EUA e URSS se colocam, em relação a suas respectivas influências, como defensores do Bem contra o Mal, representado pela outra superpotência. Podemos, então, dizer que estas áreas de influência se tornaram na verdade partes integrantes de um bloco que deve ser monolítico, isto é, em que as divergências não deveriam ser aceitas. Só existiria uma via para o socialismo – a soviética; assim como somente um caminho para a democracia – o norte-americano. Teríamos o domínio das ortodoxias.

Assim sendo, qualquer projeto latino-americano, por exemplo, de conteúdo nacionalista, portanto anti-imperialista, ao se chocar com interesses dos EUA, seria considerado socialista ou ligado a este projeto. Da mesma forma, qualquer tentativa de autonomia na Europa Oriental diante da URSS seria considerada pelos socialistas como anti-socialista. Nos dois casos, a intervenção militar, direta ou indireta, era realizada pela superpotência afetada.

Não se deve imaginar, no entanto, que esta dominação tenha se dado sem problemas. Problemas internos às superpotências, macartismo (EUA) e desestalinização (URSS), além de crises internas aos blocos — como a posição francesa em relação à OTAN, o cisma iugoslavo e a crise sino-soviética, no campo socialista — demonstram as tensões existentes em ambos os blocos.

Crises localizadas, como as de Berlim (1948 e 1961), ou a dos mísseis em Cuba (1962) elevaram a temperatura da Guerra Fria, mas nem mesmo guerras como as da Coréia ou do Vietnã explodiam num conflito generalizado e direto entre EUA e URSS.

Durante certos momentos, Coexistência Pacífica (1956-1970) e Distensão (1970-1982), prevaleceu o diálogo e a diplomacia, mas, entre 1980 e 1989, a política dos EUA endureceu novamente, no que alguns chamaram de Segunda Guerra Fria, terminada com a dissolução do bloco socialista, em 1989.

 

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