O "filho" de Krakatoa
Nos últimos dias de dezembro de 2018, o vulcão Anak Krakatoa entrou em erupção, provocando uma grande tragédia, de comoção internacional. A atividade tectônica provocou um escorregamento na parte sudoeste do edifício e seus detritos, ao caírem no mar, provocaram a formação de um tsunami que matou centenas de pessoas.
O vulcão localiza-se no estreito de Sunda, que fica entre as ilhas de Java e Sumatra, na província de Lampung, na Indonésia. Ele está assentado na antiga caldeira, formada após a destruição do vulcão Krakatoa “pai”, em 1883. Nesse ano, o edifício vulcânico promoveu uma sucessão de erupções e explosões que durariam quase 24horas e causaram dezenas de milhares de mortos, após a evolução de um tsunami que atingiu parte dos Oceanos Índico e Pacífico.
Esse antigo vulcão expeliu bastante material piroclástico e lançou uma grande quantidade de dióxido de enxofre (SO2), que acabou por “pegar carona” nas correntes de ventos de grande altitude e se espalhou por toda a atmosfera terrestre. Esse fenômeno resultou, após complicadas reações químicas com a água presente nas nuvens, em uma queda de 1,2 °C nas temperaturas médias do Hemisfério Norte, no verão daquele ano. Há quem diga que o sol parecia da cor púrpura, em algumas regiões.
Após o final do século XIX, a antiga caldeira do Krakatoa voltou a receber pequenas acreções vulcânicas gerando o Anak Krakatoa ou "Criança de Krakatoa", como é conhecido localmente.
E agora, nova atividade vulcânica tem afligido os moradores da região. Em fins de 2018, o tsunami gerado pelo Anak Krakatoa causou uma tragédia internacional. As ondas gigantes devoraram resort de férias e vilarejos de pescadores, provocando tal destruição que deixou o litoral repleto de fragmentos de madeira de casas, veículos esmagados e árvores caídas.
Mas, por que a constância vulcânica? O sudeste asiático está localizado exatamente no contato de duas placas tectônicas (indo-australiana e euroasiática), que estão em constante movimentação e criam condições para a região fazer parte do círculo do fogo do Pacífico, uma área de intensa atividade vulcânica e sísmica.
Em 2004, outro tsunami também causou grande destruição nessa mesma época do ano, nessa mesma região, quando um terremoto de magnitude 9,3 na escala de Richter, com epicentro ao largo da ilha de Sumatra provocou ondas imensas.
Nos dois casos, faltou a eficiência de um sistema de alertas para avisar à população sobre a chegada das ondas gigantescas. Nenhuma sirene de aviso foi ouvida naquelas cidades e praias.
Por conta da dificuldade de obtenção de equipamentos modernos pelas autoridades locais, a detecção precoce não foi possível. Por isso, é importante que investimentos urgentes sejam realizados no sentido de criar gatilhos e preparativos para tsunamis, tão comuns, na região, junto com as atividades sísmica e vulcânica.