China - O grande gigante asiático
Dona de uma cultura milenar, a China é um país onde tudo pode ser considerado gigante. A começar pelas suas dimensões. Os 9,5 milhões de Km fazem da China o quarto país em extensão na Terra. Um bilhão e trezentos milhões de habitantes tornam o país o mais populoso do mundo. E a língua oficial — o mandarim — também é a mais falada no planeta.
Escondida sob o regime comunista, a China desponta como uma economia promissora, com parque industrial moderno e um dos maiores exércitos do planeta, além de dominar a tecnologia nuclear. Um verdadeiro gigante do leste, que para os especialistas, será a grande nação do século 21 e a única capaz de desbancar a soberania norte-americana.
Fechado em um regime rígido de ditadura comunista, a China cresceu longe dos olhos do mundo e, principalmente, longe da influência americana. Isto, porém não deixou de permitir que a sua economia se fortalecesse através de uma indústria que utiliza, principalmente mão-de-obra barata, e do comércio com diversas nações no mundo, inclusive o Brasil e os Estados Unidos.
A relação entre China e Estados Unidos sempre caminhou num limite tênue entre o "namoro" e a "guerra", e este é um capítulo à parte na história das duas nações. Os países, que já foram aliados em outras épocas, se antagonizam em diversas áreas. A começar pelo regime político e opiniões com relação a assuntos econômicos, ecológicos, culturais etc. Os Estados Unidos já ensaiaram uma intromissão em assuntos internos da China, mas o gigante nunca deixou. Qualquer pequena divergência pode se tornar um grande problema na tensa relação entre os dois países.
Uma nação cheia de antagonias
Pouco mais de meio século após a proclamação da República Popular da China (RPC), esse país continua sendo considerado por muitos analistas como uma nação fora dos padrões de comportamento internacional. Depois de ter sido considerado nas décadas de 70 e 80 um regime reformista e modernizador, a partir anos 90 o governo chinês foi caracterizado como violador dos direitos humanos (desde a repressão na Praça da Paz Celestial) e opressor de minorias étnicas, na contra-mão da História.
Mesmo o seu desenvolvimento econômico, anteriormente tão elogiado, agora é enfocado a partir de seus custos sociais e ambientais tendo sua fragilidade ressaltada constantemente, principalmente a partir da crise financeira asiática de 1997. Aplaudido como aliado dos EUA contra a União Soviética, nas décadas anteriores, seu potencial militar é hoje apontado como ameaça internacional.
Economia Socialista de Mercado
A China possui um tipo de economia muito peculiar: a chamada Economia Socialista de Mercado, que se baseia em um regime capitalista controlado por um estado forte e regulador. O estabelecimento das chamadas Zonas Econômicas Especiais possibilitou a criação de plataformas de exportação, que obtiveram grandes investimentos tecnologia.
Esse esquema teve muito sucesso nos anos 80, com a economia crescendo 10% anualmente, incrementando a renda per capita e melhorando a distribuição de renda. Porém, uma mudança tão profunda também gerava instabilidade: divergências no partido sobre os limites das reformas, surgimento do desemprego, aumento da criminalidade e da corrupção e desequilíbrios regionais.
Além disso, o fim da Guerra Fria, no contexto da Perestroika, fez com que a China deixasse de ser atrativa enquanto aliada internacional para os EUA. No mesmo sentido, o sucesso de seu desenvolvimento passou a ser visto pelo Ocidente como uma crescente ameaça.
Neste contexto, em 1989, quando ruíram os regimes do leste europeu e o bloco soviético desapareceria, o socialismo sobrevivia na Ásia, através da China. Para muitos analistas, os dias do milagre e do regime chinês estavam contados. Mas o país resistiu. Um anunciado conflito pela sucessão presidencial nunca ocorreu e a reincorporação de Hong Kong aconteceu sem grandes problemas. A tal economia socialista de mercado resistiu e tornou-se ainda mais forte.
Um país promissor
A China é hoje o único país em desenvolvimento a fazer parte das grandes nações do poder mundial. O país possui indústria aeroespacial, sistema de mísseis, arsenal nuclear e integra o Conselho de Segurança da ONU. Além disso, sua economia atingiu certo grau de desenvolvimento que, aliada à soberania do país, faz com que ele tenha determinado peso na economia mundial e não possa ser arrastado tão facilmente por crises financeiras.
A economia chinesa cresceu ainda 8% nos anos de 1998 e 1999, em plena crise asiática, enquanto os analistas econômicos observavam com apreensão a possibilidade de desvalorização da moeda chinesa.
Nas relações internacionais, a China defende um mundo multipolarizado e, apesar das dificuldades e carências de um país em desenvolvimento, a população, depois de dois séculos de dificuldades e privações, busca os benefícios do desenvolvimento e do mundo moderno.
A China, o "Império do Centro", não é apenas um país, mas uma civilização original e antiga com quase cinco mil anos de história, que conseguiu passar por todas as crises relativamente íntegra. A China é verdadeiramente um gigante. Resta saber se ela vai realmente se firmar como a grande nação do terceiro milênio.