Pirarucu
Segundo estudos, o pirarucu - peixe nativo da Amazônia - está desaparecendo de algumas comunidades locais do Pará num processo que contraria as regulamentações de preservação da espécie. Na região, onde a pesca é considerada predatória, uma equipe internacional de pesquisadores revelou que o peixe, um dos maiores de água doce do Brasil, pode se tornar escasso. A pesquisa, que foi coordenada por um brasileiro, levantou também a hipótese de que a pesca pode provocar a extinção de outros peixes grandes, com alto valor comercial e de fácil captura.
Publicada na revista Aquatic Conservation: Freshwater and Marine Ecosystems a descoberta aponta os custos e as consequências na biodiversidade. De acordo com Leandro Castello, especialista em ecologia e conservação da pesca na Amazônia e professor da Faculdade de Recursos Naturais e Meio Ambiente da Virgínia Tech (EUA), a escassez por conta da exploração pesqueira aumenta os custos para encontrar determinada espécie. Desta forma, os preços no mercado sobem levando os pescadores a buscar por outras, desequilibrando assim o ecossistema.
O Pirarucu
Uma das castas mais consumidas pela população regional, o pirarucu pode atingir mais de dois metros de comprimento e pesar até 200k. Oriundo da família dos arapaimídeos, sua carne é muito nutritiva e geralmente utilizada no preparo de pratos típicos. Por conta de seu crescimento acelerado e alto valor de comércio, a espécie garante excelentes resultados econômicos para quem pratica a piscicultura - cultivo de peixes de água doce.
Suas escamas são utilizadas por nativos na produção de enfeites e adereços, já as tribos indígenas locais aproveitam sua língua – óssea – como lixa de unha e ralador. Protegida por lei, a espécie é tipicamente amazônica e recebeu esse nome devido sua coloração: peixe (pira) e vermelho (urucu).
A pesca acidental é hoje um dos maiores inimigos da cepa, que também é conhecida como "gigante impotente"
Relembrando... Floresta Amazônica
Floresta Amazônica é o ecossistema que possui a maior variabilidade de espécies vegetais e animais do mundo, o que lhe rende o título de ecossistema mais rico do globo, caracterizado por possuir sua vegetação distribuída em 3 estratos:
Estrato Herbáceo – formado por ervas;
Estrato Arbustivo – formado por plantas de até 3 metros;
Estrato Arbóreo – formado por plantas que em seu desenvolvimento atinjam mais de 3m.
A Amazônia é uma grande fonte de pesquisas de compostos medicinais. Em seus vegetais se escondem informações que despertam grande cobiça para indústrias farmacêuticas. Com certeza, é a área do território brasileiro que mais atrai a atenção dos países de primeiro mundo, interessados no lucro dos compostos medicinais e na grande fonte de água do planeta.
Fishing-down
Segundo Castello, a conclusão do estudo - realizado na cidade de Santarém (Pa) - mostrou que os resultados, diferente da teoria de que o mercado só busca novas espécies quando outra começa a entrar em processo de extinção, estão mais próximos de um modelo de "bioeconomia" - uma teoria pouco conhecida chamada de fishing-down e que se traduz num efeito inverso, onde peixes como o pirarucu podem ser pescados até a "extinção total".
De acordo com o professor, a ideia de se procurar outras espécies no começo de uma crise procede. Contudo, a Amazônia é uma região muita rica e abriga diversas espécies misturadas em seus rios. Desta forma, mesmo quando o pescador lança sua rede em busca de outros peixes, acaba trazendo o pirarucu de forma não intencional. Sendo assim, a pesca acidental é hoje um dos maiores inimigos da cepa, que também é conhecida como "gigante impotente".
Mas, sem dúvida, a atividade humana ainda é a principal responsável pelo desaparecimento das espécies, já que as ações ocasionam a redução do número de animais e vegetais e a destruição de seu habitat.