Dieta paleolítica
A busca pelo emagrecimento ou pelo corpo perfeito é o alvo de muita gente pelo mundo, especialmente no Brasil. O assunto é tão sério que, entre os brasileiros, por exemplo, estar com o corpo em forma e o físico em dia está acima do desejo de ficar milionário, de tirar as férias dos sonhos e até mesmo de encontrar a felicidade. Bom, pelo menos é o que diz um levantamento realizado pela consultoria de marketing digital SEMRush, divulgado pela revista Forbes.
Falando em termos mundiais, dado o aumento no número de casos relacionados à obesidade, emagrecer realmente se tornou uma prioridade entre as pessoas que, com dificuldade de perder peso, saem em busca de diferentes alternativas. Uma delas é a dieta paleolítica, que a cada dia mais vem se tornando uma tendência. Vamos entender melhor o assunto?
Dieta do “homem das cavernas”
Popular entre quem quer emagrecer, a dieta paleolítica tem como objetivo manter uma alimentação semelhante ao que o ser humano da idade da pedra comia. Essa dieta, que inclui sementes, nozes, frutas, carnes magras, verduras, peixes e ovos, é conhecida como dieta do "homem das cavernas", pois acredita-se que ela tem a capacidade de nos deixar mais saudáveis. Será?
De fato, a relação dos alimentos tem tudo a ver com a saúde, no entanto, para comercializar a ideia, foram atribuídas qualidades fantásticas a essa tendência. Quem segue ou indica a tal dieta afirma que comer paleoliticamente melhora a pele, resolve problemas digestivos, aumenta a imunidade e ajuda a perder peso, claro. A dieta paleolítica deixa de fora alimentos como cereais, legumes e produtos lácteos, que se tornaram mais comuns depois do início da agricultura, que data de 10 mil anos atrás aproximadamente.
Vale ressaltar que foi no Período Paleolítico que os homens dominaram o fogo, e este fato, tão corriqueiro hoje, representou um grande salto para a humanidade.
Mito?
Aparentemente tudo parece fazer sentido na alimentação paleolítica, até consultarmos a Ciência e a História. De acordo com o professor de antropologia evolutiva e saúde global da Universidade Duke, nos Estados Unidos, Herman Pontzer, existem vários mitos sobre a alimentação dos humanos do passado, entre eles, afirmar que se mantinha essa dieta. Para Pontzer, “são crenças românticas”, pautadas apenas na suposição de uma dieta natural.
Atento aos detalhes pré-históricos, o professor se aprofundou sobre a alimentação do período paleolítico e, depois de trabalhar com uma comunidade de caçadores-coletores, conseguiu ter uma noção do que eles realmente comem.
Vida próxima à de nossos ancestrais
A pesquisa de Herman foi realizada com os hadzas, na Tanzânia. Esse grupo de caçadores-coletores representam o povo recente mais próximo da vida que teriam levado os nossos ancestrais. Os hadzas não cultivam animais, diferente disso, se alimentam do que encontram enquanto percorrem longas distâncias.
O estudo, que foi feito durante a última década, mostrou que esse povo percorre até 10 km por dia caçando animais selvagens, colhendo frutas, transportando água e lenha, cavando terra em busca de tubérculos e coletando mel.
Os dados (tanto dos hadzas, quanto de outras comunidades pelo mundo) levaram Herman a concluir que, na verdade, "não existe uma dieta paleolítica". Para ele, os caçadores-coletores viviam de muitas dietas, dependendo da estação, do clima e de outras condições.
Zero calorias?
A caça silvestre, os frutos e os tubérculos fazem parte de uma alimentação que contém menos sal, gorduras e calorias que os alimentos atuais. Contudo, a dieta das comunidades estudadas não aponta para zero consumo de carboidratos como afirmam alguns defensores da dieta do “homem das cavernas”.
Registros de duzentos anos atrás, compilados através de vários outros pesquisadores sobre esse povo, mostram que os caçadores-coletores vivem de muitos alimentos ricos em carboidratos, açucarados e com amido, tubérculos, mel e até grãos. Os documentos também apontam para uma dieta diversificada e não apenas uma única dieta humana ancestral, como se acredita.
E aí, conta pra gente, você é ou conhece alguém adepto da dieta paleolítica?