Acontece

Últimos acontecimentos mundiais comentados e contextualizados.

Piezoeletricidade

07/04/2010
Nova fonte de energia limpa e renovável vem do chão.

Descoberta pelos irmãos Pierre e Jacques Currie, na França, há exatos 130 anos, a piezoeletricidade é uma das mais fontes de energia limpa e renovável mais comentadas atualmente. Mas o que seria ela? Essa forma de gerar energia vem do impacto da locomoção de pés ou rodas sobre o chão.

Esse tipo de energia, gerada pela vibração provocada pelo atrito com o solo, que até então era desperdiçada, começou a ser aproveitada por intermédio da nanotecnologia. A parte da ciência que se dedica à construção de nanomáquinas utilizando como matéria-prima os átomos foi aplicada à cerâmicas dotadas de piezoeletricidade, propriedade que certos materiais têm de liberar elétrons em resposta à pressão mecânica.

Desde que foi descoberta, a piezoeletricidade é utilizada em diversas aplicações comerciais, como câmeras fotográficas, microscópios, relógios de quartzo, sensores acústicos e isqueiros. Agora, uma outra utilidade vem sendo apresentada.

Piso gerador de energia: é possível?

Duas empresas estão oferecendo o que podemos chamar de pisos geradores de energia, que podem ser utilizados em espaços de grande circulação de pessoas, automóveis, trens e até mesmo aviões. Enriquecido com nanomateriais piezoelétricos, ao sofrerem impactos esses pisos liberam uma corrente elétrica que é capturada para alimentar lâmpadas, painéis luminosos ou qualquer outro dispositivo elétrico ou eletrônico.

Alguns testes já realizados mostraram que o piso gerador de energia é viável e muito útil. Uma empresa japonesa realizou testes em duas estações de trem em Tóquio, outra empresa israelense também aplicou a tecnologia em rodovias e aeroportos. Em 2008, uma casa noturna em Londres equipou a pista de dança com piso piezoelétrico e usou a energia gerada pela empolgação dos freqüentadores para iluminar a própria pista.

Segundo os fabricantes do piso, um único passo de um adulto de 60 quilos no chão gerador de energia gera em média 0,1 watt; um quilômetro de pista, sob tráfego intenso, poderia então produzir cerca de 200 quilowatts por hora, energia suficiente para alimentar uma casa por um mês.

Tecnologia brasileira

Com o objetivo de baratear a tecnologia, pesquisadores da USP se dedicam a desenvolver um produto nacional. Walter Sakamoto, da Faculdade de Engenharia e Maria Aparecida Zaghete, do Instituto de Química, são responsáveis por buscar inovações na tecnologia para que ela possa ser lançada no mercado brasileiro.

No momento em que é pressionada, a cerâmica se deforma e, quando a pressão cessa, ela volta à posição normal, e é neste momento que a energia é gerada. A cerâmica usada pelos japoneses é o  titanato zirconato de chumbo (mais conhecido pela sigla em inglês PZT) um material mais caro e que vai perdendo essa maleabilidade com o tempo. Por isso, Sakamoto pesquisa alternativas para deixar o piso mais maleável e potencializar a produção de energia.

Para poder empregar a tecnologia em estradas, que não poderiam ser constantemente recapeadas, o pesquisador estuda uma mistura do PZT com polímeros que, se for bem sucedida, pode diminuir a quantidade de cerâmica necessária para obter o mesmo efeito e aumentar a sua durabilidade. Em laboratório a mistura já foi capaz de acender um LED com a pressão dos dedos.

Também na tentativa de potencializar a produção de energia, Maria Aparecida, estuda as condições ideais para a deformação que altera a forma do piso e produz a energia. Outra atribuição da pesquisadora é encontrar uma forma de armazenamento para a força elétrica produzida. Estocar essa eletricidade seria uma grande inovação da produção de energia limpa e renovável.

Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso site. Ao continuar, você concorda com nossa política de privacidade.