História >> Crise do segundo reinado
- Introdução
- A questão militar
- A questão religiosa
- A crise econômica
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- O movimento republicano
Introdução
Brasil, Argentina e Uruguai se uniram contra o Paraguai. Mas como tudo começou? A região sempre foi palco de brigas políticas. Disputavam o poder no Uruguai dois partidos políticos, o Blanco e o Colorado. O primeiro reunia os grandes proprietários de terra que tinham como líder Manuel Oribe. Esse grupo contava com o apoio do presidente argentino Juan Manuel Rosas, que desejava recriar o Vice-Reinado do Prata juntando os países platinos de língua espanhola. Os colorados eram em sua maioria comerciantes e contavam com o apoio do Brasil e de José Urquiza, governador da província argentina de Corrientes e Entre Rios e contrário a Rosas e à sua ideia de reunificar a região.

A região platina compreende parte dos territórios do Uruguai, Paraguai, sul do Brasil e Argentina por onde correm os rios Paraguai, Paraná, Uruguai e rio da Prata, que compõem a chamada Bacia do Prata.
Introdução
Para complicar a situação, ocorriam frequentes choques fronteiriços entre estancieiros (proprietários de fazendas para criação de gado) uruguaios e riograndenses (brasileiros) devido à proximidade entre as áreas para criação de gado. Os constantes embates ocasionavam a destruição de fazendas e pastagens.
A fim de impor seu controle na região e pôr fim aos conflitos territoriais, o império brasileiro desejava estabelecer sua hegemonia e combinava alianças políticas favoráveis aos seus interesses. Porém, nem tudo saía como D. Pedro II queria: no Uruguai, os Blancos foram vitoriosos, o que ameaçava os interesses do império brasileiro na região.
Como resposta, em 1850, D. Pedro II ordenou a ocupação de Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina), depondo os governos de Manuel Oribe e Juan Manuel Rosas.
Em 1864, novos problemas surgiram na região: nessa época, governava o Uruguai Atanasio Cruz Aguirre, do partido Blanco, que contava com o apoio do governante paraguaio Francisco Solano López. Contando com o apoio do líder colorado Venâncio Flores, D. Pedro II exigiu dos estancieiros uruguaios que indenizassem os fazendeiros gaúchos pelos danos causados em suas propriedades. O presidente uruguaio se recusou a pagar as indenizações. Como resposta, em 1864, as tropas imperiais brasileiras invadiram Montevidéu e derrubaram o governo de Aguirre, empossando Venâncio Flores, aliado do Brasil. Imediatamente, o Paraguai rompeu relações com o nosso país.
Introdução
A Guerra do Paraguai
Como foram as batalhas? Em 1864, o governo paraguaio ordenou a prisão do navio brasileiro Marquês de Olinda no rio Paraguai. Diante do fato, D. Pedro II declarou guerra ao Paraguai.Em 1865, mantendo-se na ofensiva, Solano López invadiu a província de Mato Grosso, tomando Nova Coimbra e Dourados e, logo depois, a província argentina de Corrientes, com o intuito de atacar o Brasil.
A Argentina entrou na guerra ao lado do Brasil, que já tinha o Uruguai como aliado. Os três países assinaram o Tratado da Tríplice Aliança, apoiados pela Inglaterra, pois o nacionalismo paraguaio ameaçava os interesses ingleses na América do Sul. Em consequência, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram, em 1º de maio de 1865, o Tratado da Tríplice Aliança contra o Paraguai.Os países da Tríplice Aliança conseguiram, em 1865, a vitória naval da Batalha do Riachuelo e a rendição dos paraguaios que haviam chegado a Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Tomando a ofensiva, sob o comando de Bartolomeu Mitre, presidente argentino, os aliados venceram as batalhas de Passo da Pátria e Tuiuti (1866). Quando o então marquês de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, assumiu o comando, a fortaleza de Humaitá foi conquistada (1867). Lopez retirou-se para mais próximo de Assunção, capital do Paraguai, onde acabou derrotado nas batalhas da "dezembrada" (1868): Avaí, Itororó e Lomas Valentinas. Assunção caiu e a última fase da guerra foi comandada pelo Conde d’Eu, encerrando-se com a morte de Lopez em Cerro Corá (1870).
As consequências da guerra
A guerra acarretou dificuldades para os países envolvidos, particularmente o Paraguai, que teve grandes perdas em vidas, recursos e territórios. Brasil, Argentina e Uruguai aumentaram suas dívidas externas com os bancos ingleses.
A questão militar
Quando acabou a Guerra do Paraguai, o exército brasileiro contava com grande prestígio perante a sociedade. No entanto, os oficiais achavam que seu papel político era insignificante.
Durante a guerra, os militares entraram em contato com outras nações (Uruguai, Argentina) onde já vigoravam o trabalho livre e o regime republicano. Animados com as novas ideias e questionando o papel da monarquia, retornaram ao Brasil com o objetivo de reformar a sociedade e colocar o país entre as grandes nações do mundo.
Os alvos preferidos das críticas eram os funcionários públicos que serviam à monarquia. Segundo os militares, eles não passavam de "bacharéis pedantes" que só visavam aos seus próprios interesses. Os conflitos aumentavam e novos acontecimentos pioraram o cenário...
- Em 1881 ocorreu a Reforma Eleitoral e com ela foi negado o direito de voto aos militares, fato que revoltou ainda mais os soldados.
- Dois anos depois, em 1883 , o tenente-coronel Sena Madureira foi punido e transferido para o Rio Grande do Sul por ter criticado publicamente a reforma salarial que o Governo pretendia fazer no Exército. Os militares foram então proibidos de se manifestar publicamente.
- Já em 1887 , os oficiais do Exército fundaram o Clube Militar, ponto de referência de debates e discussões políticas. Um dos primeiros presidentes do clube foi o Marechal Deodoro da Fonseca.
A questão militar

Benjamin Constant Botelho de Magalhães
A partir de 1859, as ideias de Augusto Comte começaram a se difundir, principalmente no Rio de Janeiro, nos meios acadêmicos e intelectuais. No meio militar, sobretudo através das aulas de Benjamim Constant, afirmava-se que o Exército deveria ter papel de destaque na direção do Estado, garantindo a ordem, indispensável ao progresso capitalista. Essas ideias contribuíram para a defesa da abolição da escravatura e do movimento republicano . Assim, explicam-se, ainda que parcialmente, a ocupação do poder pelos militares nos anos iniciais da República e a escolha do lema "ordem e progresso" para a bandeira nacional brasileira.
O ponto máximo da crise na briga entre os militares e o imperador aconteceu em 1887, quando diversos oficiais lançaram o Manifesto ao Parlamento e à Nação, exigindo liberdade de expressão na imprensa.
A questão religiosa
A situação da Igreja Católica durante o Império
Durante todo o Império, a Igreja Católica foi uma das bases do governo, pois grande parte do clero ocupava altos cargos. Além disso, a Constituição de 1824 havia instaurado no Brasil a união entre Igreja e Estado. Era o regime do padroado, isto é, o Imperador tinha o poder de nomear os bispos, exercendo controle sobre a Igreja. Ele ficava encarregado de sustentar o clero, pagando seus salários, patrocinando construções de igrejas, etc.
Imperador X Igreja - A crise
A crise se agravou em 1864. O papa Pio IX, através da bula Syllabus, proibiu a permanência de membros da maçonaria nos quadros da Igreja. Com isso o papa desejava limitar o poder paralelo que representava a maçonaria no Brasil.
Um impasse surgiu...A quem o clero deveria obedecer? Ao Imperador ou ao Vaticano? Alguns bispos permaneceram fiéis ao imperador, porém os bispos de Olinda (D. Vidal de Oliveira) e o de Belém (D. Antônio de Macedo) expulsaram de suas dioceses os padres envolvidos com a maçonaria. O imperador não gostou, puniu esses bispos e condenou-os à prisão com trabalhos forçados. Tal fato provocou revolta nos meios eclesiásticos brasileiros. Os problemas da monarquia se agravavam, e o imperador não poderia mais contar com o apoio da Igreja Católica.
A situação do imperador, que já não era boa, piorou. Estávamos a um passo da República...
A crise econômica
A partir de meados do século XIX, mais precisamente 1870, a monarquia enfrentou graves problemas de ordem econômica e política, que agravaram ainda mais sua situação.
O caminho que resultou na abolição da escravidão revelou grandes impasses para a economia brasileira. Desde a proibição do tráfico negreiro, a mão-de-obra escrava ficou escassa e os os cafezais paulistas começaram a enfrentar problemas na produção. Os fazendeiros de café queriam que o imperador custeasse a vinda de imigrantes europeus (trabalhadores livres) para substituir a mão-de-obra escrava. No entanto, as províncias do nordeste e do Vale do Paraíba ainda defendiam o trabalho escravo e lucravam com o tráfico interprovincial (tráfico de escravos entre as províncias do nordeste e do centro-sul do Brasil, o mesmo que tráfico interno). Tal fato revelou a real oposição entre as elites da época. A lentidão do imperador em resolver a crise levou os cafeicultores paulistas a se aproximar do Partido Republicano na defesa do regime republicano federalista.

A flagelação pública de um escravo, em quadro de Debret
A crise econômica
Todas essas transformações levaram a uma grave crise financeira que abalou a estrutura da monarquia. Para complicar a situação, o imperador havia triplicado a dívida externa com a Inglaterra após a Guerra do Paraguai. No setor político, além de perder o apoio dos fazendeiros, D. Pedro II enfrentava acusações de corrupção e favorecimento a pessoas ligadas à família imperial.

Dona Isabel, princesa imperial do Brasil e regente do Império na época da assinatura da Lei Áurea.
O movimento republicano
Em 1870, políticos e profissionais liberais (jornalistas, professores, advogados) que defendiam a abolição da escravidão e a ampliação dos direitos de voto para todos se uniram e publicaram no jornal A República o Manifesto Republicano. Esse manifesto denunciava o autoritarismo do imperador, propunha a reforma política do país e a implantação do regime republicano federalista.
As consequências
O manifesto desencadeou a criação de diversos clubes republicanos na província de São Paulo. Em 1873 esses clubes se reuniram na cidade de Itu e fundaram o Partido Republicano Paulista (PRP). Os comícios em apoio à instauração da república se espalharam pelo Rio de Janeiro. Um dos mais acalorados defensores dos ideais republicanos era Silva Jardim. Considerado um radical por muitos, Silva Jardim pregava o direito de cidadania a toda sociedade, inspirado nos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Revolução Francesa.
Esse radicalismo incomodava a ala mais conservadora do partido, o que resultou no rompimento de Silva Jardim com a direção do grupo.

Autorretrato de Silva Jardim.
O movimento republicano
"Estou convicto de que a monarquia não tem defensores, senão os membros da família real."
Silva Jardim (republicano)
Era o fim do Império... Todos esse problemas só serviram para desgastar o papel político do imperador.
A monarquia já não era capaz de resolver os impasses políticos e econômicos que surgiam e a estabilidade do país estava comprometida. Ao mesmo tempo o império perdera suas principais bases de sustentação: militares, igreja e cafeicultores. Somando-se a isso, surgiam novos grupos sociais (profissionais liberais - setores médios/urbanos) que aderiram ao ideal republicano, mesmo não participando ativamente do processo de implantação da república. A ideia de instaurar uma república federativa atraía os cafeicultores paulistas, que viam a possibilidade de transformar São Paulo em uma federação autônoma longe do controle do governo central. A aliança entre cafeicultores e militares em torno de um mesmo ideal criou condições favoráveis para uma tomada de posição.
A monarquia tenta se manter a qualquer custo... No final de 1888, D. Pedro II nomeou para o cargo de primeiro-ministro Afonso Celso de Oliveira Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto. O novo ministro lançou um projeto de reforma política inspirado nos princípios republicanos com o objetivo de agradar à oposição e salvar a monarquia. O Parlamento, que ainda tentava manter seus privilégios, recusou o projeto.
O movimento republicano
Golpe final
Na noite do dia 14 de novembro de 1889, as unidades militares de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, se rebelaram. Na manhã de 15 de novembro, os militares marcharam até o centro da cidade (Campo de Santana), depondo o imperador, que foi enviado para o exílio dias depois. Na tarde do mesmo dia, José do Patrocínio declarava proclamada a República. Em São Paulo, os cafeicultores se preparavam para organizar o novo regime...

Proclamação da República- Quadro de Benedito Calixto.
Atividade
Música: Leopoldo Miguez/ (Publicado no Diário Oficial de 21/01/1890)
Seja um pálio de luz desdobrado/ Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado/ Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale/ De esperanças, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale/ Quem por ele lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade!
Dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora/ Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora/ Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro/ Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,/ Brilha, ovante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Das crises que antecederam a República, quais são citadas na estrofe em destaque?
