Sondas espaciais vão a Marte para explorar o planeta
A chance de ter o planeta vermelho mais perto da Terra está perto de acontecer. Entre os dias 25 e 28 de agosto Marte estará a aproximadamente 55 milhões de quilômetros. Dia 27 será o ponto mais alto da aproximação. O fenômeno poderá ser visto a olho nu e com uma impressionante nitidez, a cor vermelha estará mais forte e brilhante. Essa é a grande chance também da comunidade científica que terá a oportunidade de estudar o planeta. Outra chance como essa, só no ano 2.287. E, quem sabe até lá os terráqueos não poderão fazer uma visita pessoalmente?
Marte sempre foi rodeada de muito mistério. Sua superfície avermelhada chama a atenção no céu, imagens como se fossem rostos em sua superfície e seus satélites sempre intrigaram leigos e cientistas. A explicação para a cor avermelhada de seu solo está no dióxido de ferro encontrado em sua superfície que reflete essa cor. Agora, o brilho estará ainda mais intenso.
O fenômeno de proximidade ocorre porque Marte está passando por sua fase mais próxima do Sol, cerca de 200 milhões de quilômetros, enquanto a Terra se encontra em sua posição mais distante da estrela, aproximadamente 150 milhões de quilômetros. A aproximação dos dois planetas ocorre a cada 17 anos, mas há milênios os dois não ficavam tão próximos. O astro não chegava tão perto da Terra há pelo menos 60 mil anos. E para felicidade dos fãs de astronomia, quem vive no hemisfério sul terá visão privilegiada. Para o pessoal do lado de cá, o brilho será mais intenso.
Astrônomos de muitas partes do mundo acreditam na existência de vida em Marte. Quando os cientistas falam em vida, não estão querendo se referir a seres humanos como nós, mas em espécies microscópicas que poderiam viver ou ter vivido no planeta. O relevo do planeta e os indícios de que sua temperatura no passado era altíssima fazem com que muitos acreditem nessa possibilidade de vida. Maior do que a Terra, Marte tem 228 milhões de quilômetros, sua temperatura média é de 62 graus negativos, sua atmosfera é feita basicamente de dióxido de carbono e vapor d'água e possui dois satélites em sua órbita.
Sondas para investigar o planeta
A proximidade de Marte da Terra proporcionou a chance de enviar missões espaciais com o objetivo de explorar o planeta. Nesse momento, quatro sondas estão a caminho do planeta. A MER-1 e MER-2 foram enviadas pela Nasa e levam a bordo dois jipes robôs, Spirit e Opportunity. A Agência Espacial Européia (ESA) lançou a Mars Express, que leva o robô Beagle 2. Os japoneses, que enviaram em 1998 a Nozomi, verão a chegada da sonda em dezembro, com mais de quatro anos de atraso.
Mais de 30 missões foram lançadas ao planeta vermelho nos últimos 40 anos, principalmente pelos EUA e Rússia (antiga União Soviética). A primeira aventura espacial até Marte aconteceu em 1975, quando a Nasa enviou a nave Viking 1. Muitas outras se perderam pelo caminho e nunca conseguiram chegar à superfície do planeta. Dados mostram que duas em cada três missões a Marte, fracassaram. Até hoje, somente três espaçonaves da Nasa conseguiram pousar no planeta.
As sondas espaciais americanas devem chegar a Marte em janeiro do ano que vem, pouco depois da sonda européia, que foi lançada antes. A sonda européia vai tentar encontrar sinais de vida no planeta, já os robôs americanos tentarão descobrir se já houve água ou algum tipo de ambiente propício ao desenvolvimento de vida. Nessa busca, eles estarão atentos para marcas químicas na geologia de Marte que possam provar que o planeta já teve água em abundância um dia.
Descoberta de bactéria resistente
No dia 18 desse mês, cientistas anunciaram a descoberta de um organismo que consegue se desenvolver à temperatura de 121 graus, à pressão altíssima e em ambientes totalmente isentos de oxigênio ou luz. O ser capaz de enfrentar altas temperaturas sem ter sua estrutura danificada é um micróbio unicelular. Segundo pesquisadores americanos, o ser cresce a temperaturas mais altas que qualquer outra forma de vida conhecida no mundo.
O micróbio, que ganhou o nome de Strain 121, foi extraído de uma fonte natural de água quente no fundo do Oceano Pacífico. Seu tamanho é de cem vezes menor que um grão de areia e pertence a um grupo de organismos semelhantes às bactérias. O fato de o organismo ser capaz de sobreviver a temperaturas altas faz com que os cientistas busquem novos sinais de vida na Terra e em outros planetas.
A tese, que ainda vai ser estudada, é de que o Strain 121 pode ser similar aos organismos que existiram na Terra há quatro bilhões de anos. Outros planetas, como Marte, também já foram muito mais quentes no passado, o que alimenta a hipótese de que algum tipo de microorganismo possa ter vivido lá. Kazem Kashefi, um dos microbiologistas da Universidade de Massachussetts que descobriu a bactéria, diz que além de suportar a temperatura, o corpo ainda se reproduz.