Ainda Existem Escravos Pelo Mundo
Cento e vinte e cinco anos após a abolição da escravatura, o Brasil ainda tem quase 200 mil pessoas trabalhando em condições escravas. A estimativa é da organização não governamental Walk Free Foundation, que lançou em 2013 um Índice de Escravidão Global, que classifica 162 países de acordo com a proporção de escravos na população local. O Brasil ocupa o 94o lugar, com a Mauritânia em primeiro, como o país com mais escravos no planeta.
Os problemas de escravidão no Brasil estão localizados, principalmente, nas indústrias madeireira, carvoeira, de mineração, da construção civil e nas lavouras de cana, algodão e soja. Denúncias de bolivianos em trabalho escravo na indústria têxtil nacional também têm acontecido, além da exploração sexual infantil, sobretudo no Nordeste.
Topo desse triste ranking, a Mauritânia passou a proibir a escravidão apenas em 1981 e só em 2007 definiu o que era escravidão! Ainda assim, a escravidão é considerada hereditária por lá, com pessoas sendo proprietárias (!?!) de adultos e crianças, incluindo seus descendentes. País muçulmano do norte da África, a Mauritânia ainda sofre com a ausência de leis de combate à violência contra as mulheres. Pior, é impossível.
Novo modelo de escravidão
Exemplos tristes como a da Mauritânia existem mesmo desse lado do Oceano Atlântico. Um dos países mais pobres do mundo, o Haiti tem como prática comum o uso de crianças pobres do campo para trabalho na casa das famílias ricas dos centros urbanos. Isso é como pegar uma cápsula do tempo e voltar ao século XIX no Brasil, com crianças sendo deixadas sem comer, beber ou dormir e, ainda sendo abusadas por seus “proprietários”.
Entretanto, a própria cara da escravidão vem mudando ao longo dos anos. Se antes os escravos eram amarrados e vendidos em praça pública, agora eles são algemados de outra forma, através da dependência econômica. Os escravos também deixaram as praças e são vendidos nas ruas escuras do submundo, por traficantes de pessoas que levam homens, mulheres e crianças para trabalhos forçados ou exploração sexual em outros países.
Criticado pelos altos índices de corrupção, criminalidade e desleixo total dos políticos, o Brasil, no quesito escravidão, merece elogios por suas iniciativas contra o trabalho forçado, a exploração sexual e a exploração infantil. Mas muito ainda precisa ser feito. Afinal, são 200 mil pessoas que ainda precisam ser salvas, além de outras tantas que correm o risco de serem submetidas a essa condição degradante.