História >> Revoltas regenciais
- Introdução
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- O Período Regencial
- Antecedentes
- As Revoltas
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- A pacificação do país
Introdução
O período em que ocorreram as Revoltas Regenciais no Brasil é considerado por muitos historiadores como agitado e de profunda insatisfação com os governantes da época. Mas para entendermos as causas de tanta agitação, devemos, primeiro, compreender o contexto da época estudada. Para tanto, podemos usar as artes.
Abdicação de D.Pedro l, no começo de 1831.
Retrato de Dom Pedro de Alcântara, com cinco anos de idade, deixado no Brasil por seu pai, Dom Pedro I, após a abdicação, como herdeiro do trono brasileiro.
O período regencial
Os partidos do Período Regencial e seus conflítos.
Pelo fato do herdeiro ter apenas cinco anos, o país teve que ser governado por regentes. A situação política brasileira era bastante tumultuada, como já foi citado, pois os grandes senhores de terras e de escravos, sobretudo aqueles ligados ao café, da região das províncias do Rio de Janeiro e São Paulo dominavam o governo do país. Contra esta elite conservadora estava um grupo formado pela classe média carioca e por latifundiários nordestinos e da região sul, que defendiam a descentralização política, ou seja, mais autonomia política para as províncias.
As agitações ocorridas durante a Regência se espalharam além da capital imperial. Na Bahia, no Pará, no Maranhão e no Rio Grande do Sul, a estagnação econômica e o descaso do governo central provocaram violentas rebeliões.
Antecedentes
As Regências enfrentaram cinco das mais importantes rebeliões internas do Brasil.
O governo regencial instalado no Rio de Janeiro protegia a cultura cafeeira e abandonava à própria sorte a cultura da cana-de-açúcar de Pernambuco e da Bahia, a cultura do algodão no Maranhão e a produção de carne do Rio Grande do Sul.
As elites regionais, descontentes com a postura do governo central, juntaram-se às camadas médias urbanas para protestar contra os entraves econômicos, os crescentes impostos e a nomeação arbitrária de governadores das províncias pelo governo central. Tais protestos contagiaram as populações locais, transformando-se em verdadeiras rebeliões. Em alguns casos, era proposto o estabelecimento de repúblicas independentes no Brasil.
Em nove anos ocorreram revoltas em quase todo o país, como visualizamos no mapa.
Escolha qual revolta você gostaria de estudar:
As revoltas
A Cabanagem no Grão-Pará (1835-1840)
A distância provocava o isolamento da província do Grão-Pará, que abrangia os atuais estados do Pará, Amapá, Roraima e parte do Amazonas, e por consequência, as determinações do governo regencial eram ignoradas. Para remediar tal situação, no final de 1833, foi nomeado pelo governo, Bernardo Lobo de Sousa, como presidente do Pará, que para impor sua autoridade, usou da repressão, só aumentando a oposição local.
No início de 1835, o governador foi assassinado. Tinha início a revolta da Cabanagem. Os líderes eram o padre João Batista Gonçalves Campos, o fazendeiro Félix Antônio Clemente Malcher e os irmãos Francisco Pedro, Manuel e Antônio Vinagre.
Os rebeldes ocuparam a cidade de Belém e formaram um governo revolucionário, presidido por Malcher. Defendiam a criação no Pará, de uma república separatista.
As revoltas
A Cabanagem no Grão-Pará (1835-1840)Entretanto, o novo governador mantinha estreitas relações com outros fazendeiros locais e decidiu permanecer fiel ao governo imperial. Diante disso o movimento radicalizou-se. Líderes populares como Antônio Vinagre e Eduardo Angelim, refugiaram-se no interior da província, em busca do apoio popular de indígenas e mestiços. A partir daí, os habitantes menos remediados, que moravam em cabanas, que passaram a atuar na luta pela independência do Pará. Em meados de 1835, os cabanos voltaram a ocupar Belém, criando um governo republicano e romperam relações com o restante do Brasil. Este isolamento e uma feroz epidemia de varíola enfraqueceram os revoltosos, que não resistiram à esquadra imperial que atacou e dominou o porto de Belém. Ao mesmo tempo em que a cidade era saqueada, tropas regenciais, auxiliadas pelos latifundiários locais, caçavam os rebeldes pelos vilarejos. Em cinco anos de guerrilha, 30% população paraense foi morta. Na época, estimava-se que o Pará tivesse cem mil habitantes. Diante disso, o poder regencial foi restaurado na região.
A varíola (também conhecida como bexiga) é uma doença infecto-contagiosa. No Brasil foi primeiramente referenciada em 1563 na Ilha de Itaparica causando grande número de casos e óbitos, principalmente entre os indígenas. Juntamente com o Sarampo, Varicela e outras doenças, ela matou mais de 90% da população nativa do continente, derrotando e destruindo as civilizações Asteca e Inca. Acredita-se que a varíola tenha sido introduzida propositadamente na população nativa pelo exército de Hernán Cortés e Francisco Pizarro para derrotar as civilizações nativas da América Latina.
As revoltas
A Balaiada (1838-1841)Marginalizados pela crise da economia do algodão da província do Maranhão, grande número de escravos insatisfeitos rebelaram-se contra os seus senhores, apoiados pelos vaqueiros do interior. Seu principal líder era o fabricante de balaios, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira. A Balaiada serviu aos propósitos dos políticos liberais da zona urbana, opositores às oligarquias rurais. Em 1939, os balaios tomaram a cidade de Caxias, enquanto os escravos foragidos formaram quilombos nas matas. As lutas estenderam-se por três anos, causando grande prejuízo aos fazendeiros. Contudo, a falta de uma organização dos revoltados acabou por enfraquecer o movimento. A repressão partiu da elite local, que teve apoio das tropas imperiais, comandadas por Luís Alves de Lima e Silva. Em 1840, Dom Pedro II assinou anistia, que foi muito bem aceita pela maioria dos rebeldes. A minoria que persistiu em lutar foi vencida em 1841. Vários de seus líderes foram mortos em combate e os demais, foram executados.
As revoltas
A revolta dos Malês (1835)É bom saber: A carta de alforria era um documento através do qual o proprietário de um escravo rescindia dos seus direitos de propriedade sobre o mesmo. O escravo liberto por esse dispositivo era habitualmente chamado de negro forro. Veja a transcrição de uma carta de alforria (mantida a ortografia original):
Contudo, mesmo libertos, os negros continuavam a serem tratados com desprezo e não tinha qualquer possibilidade de ascensão social. Diante dessa situação, os negros se revoltaram contra os dominadores brancos.
As revoltas
A revolta dos Malês (1835)
A Revolta dos Malês ocorreu na madrugada do dia 25 de janeiro de 1835 e foi organizada por africanos de religião muçulmana de diferentes etnias, com prevalência de nagôs e haúças. O movimento tinha como objetivo a libertação dos negros escravizados e a tomada do poder local e foi arquitetado em reuniões (divididas entre conspirações e rezas) por escravos urbanos com relativa autonomia em função de sua condição.
Leitura, civilização, reza e rebelião...
A revolta se concretizou na cidade de Salvador e foi liderada por homens que, por motivos religiosos e possível domínio da leitura e da escrita corânicas, se diferenciavam dos demais escravos. Registros dão conta de expressões escritas pelos próprios malês, que na língua iorubá significa muçulmano.
A manifestação aconteceu quando atestava-se o fim do mês sagrado do Ramadã. Vestidos com roupas islâmicas e carregando acessórios com cópias de escritos árabes, cerca de 600 homens - mulçumanos e não mulçumanos - participaram da rebelião, no mesmo dia dizimada pelas tropas regenciais, com o apoio das classes dominantes baianas.
Com os representantes do movimento Malês foram encontrados amuletos, pedaços de papel escritos com palavras árabes e livros, numa confissão de conhecimento da escrita - que na época era sinônimo de civilização. Com a apreensão, além de terem sido proibidos de circular à noite pelas ruas de Salvador e de praticar seus rituais religiosos, muitos negros foram presos, torturados e mortos.
As revoltas
A Sabinada (1837-1838)
As notícias da fuga do líder farroupilha, Bento Gonçalves, da prisão em Salvador, reacenderam o espírito revolucionário dos baianos. O jornalista e articulador Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira expressava a insatisfação do povo baiano contra o governo central.
Foi no dia 07 de novembro de 1837, que várias tropas deram início à revolta da Sabinada, proclamando a República Baiense, que deveria se manter independente até a chegada de Dom Pedro II ao trono. Entretanto isto não aconteceu, pois a revolta foi sufocada antes que Dom Pedro II fosse coroado.
A Sabinada envolveu as camadas médias urbanas, mas não chegou a contagiar as elites locais, que optaram por conquistar vantagens políticas e econômicas junto ao governo imperial, a criar novas "repúblicas pobres americanas".
Os grandes fazendeiros do Recôncavo Baiano se empenharam em abafar o movimento separatista, contando com a ajuda do exército do Rio de Janeiro, Pernambuco e Sergipe.
A Sabinada envolveu as camadas médias urbanas, mas não chegou a contagiar as elites locais, que optaram por conquistar vantagens políticas e econômicas junto ao governo imperial, a criar novas "repúblicas pobres americanas".
O esforço dos rebeldes em combater as forças imperiais foi em vão. No início de 1838, ocorreu a rendição dos republicanos e Francisco Sabino foi exilado no Mato Grosso.
As revoltas
A Farroupilha (1835-1845)
Desde o final do século XVIII, a criação de gado era a base da economia do Rio Grande do Sul. O charque, ou carne salgada, era consumido em todo país e o couro dos animais era exportado para a Europa. Os fazendeiros gaúchos, conhecidos como estancieiros tinham como concorrentes a Argentina e o Uruguai que também produziam carne com mão de obra livre e, portanto vendiam por preços bem mais baixos.
O governo regencial, sediado no Rio de Janeiro demorava em tomar medidas protecionistas a favor dos fazendeiros gaúchos. Diante de tal situação, jornais defendiam ideias separatistas. O estopim para o início da Revolução Farroupilha ocorreu em 1834, com a aprovação de um novo aumento de impostos para a província gaúcha.
Em 20 de setembro de 1835, liderados pelo coronel Bento Gonçalves, os estancieiros expulsaram o presidente nomeado pelo governo central e ocuparam Porto Alegre. Sua primeira ação foi proclamar a República Rio-Grandense.
Bento Gonçalves foi preso pelo exército imperial e foi enviado para Salvador. Mas conseguiu fugir da prisão e retornou para Porto Alegre, assumindo a presidência em 1837.
A luta federalista continuou, alistando os peões das fazendas, escravos, homens livres, fiéis a seus patrões.
As revoltas
A Farroupilha (1835-1845)
Liderados por Giuseppe Garibaldi, italiano revolucionário, exilado de seu país, os rebeldes atacaram Santa Catarina em 1839 e proclamaram a República Juliana, por ter sido proclamada no mês de julho.
Durante a tomada do porto de Laguna, na então província de Santa Catarina, Garibaldi conheceu uma moça do local, Anita. Eles se apaixonaram e lutaram lado a lado pela independência gaúcha e de outros territórios.Eles ficaram juntos pelo resto da vida de Anita, que seguiu Garibaldi em seus combates em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai (Montevidéu) e Itália. Eles tiveram quatro filhos.
As revoltas
A Farroupilha (1835-1845)
Já no Segundo Reinado (1840 - 1889), a República Juliana decretou a sua própria Constituição, para deixar clara a sua separação do restante do Império.
A pacificação do Rio Grande do Sul só começou a ser possível em 1842, quando o Barão de Duque de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, assumiu a presidência do Rio Grande do Sul e empenhou-se em negociar com os estancieiros. O tratado de paz só foi assinado em 1845, garantindo a liberdade dos escravos participantes da revolta, assim como a devolução das terras confiscadas aos estancieiros gaúchos.
A pacificação do país
Diante das inúmeras rebeliões provinciais, Passou-se a se defender o restabelecimento de um poder fortemente centralizado e capaz de pacificar a nação. Por isso a proposta liberal de antecipar a maioridade do imperadorfoi prontamente aceita, em 1840. O que facilitou a "pacificação", imposta na maioria das vezes, por ações violentas, foi o fato das rebeliões serem de caráter estritamente local. A oposição insuperável entre senhores e escravos foi outro fator do fracasso dessas rebeliões.