Trump e o Muro entre Estados Unidos e México
Donald Trump foi eleito para a presidência dos Estados Unidos, após meses de campanha provocativa e com promessas de proteger o povo e a economia norte-americana. E após 30 dias de governo já passou por algumas crises importantes.
Suas propostas anti-imigração são insistentes e alcançam principalmente os latino-americanos. Sua promessa de campanha de construir um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México tem causado grande polêmica. É bom deixar claro que a ideia da barreira separando os dois países não é nova e já existem muros, cercas de madeira ou metal ou simplesmente arame farpado cobrindo aproximadamente 1.000 quilômetros nos limites das duas nações, levantados principalmente durante os governos republicanos de George H. W. Bush (pai) e, principalmente de George W. Bush (filho).
A fronteira entre os dois países atravessa inúmeros elementos naturais, como rios, desertos, florestas e montanhas somando perto de 3.200km. Desse total, cerca de 1.000km já têm algum tipo de divisão construída. Trump prometeu mais 1.600 Km de muro, informando que obstáculos naturais cuidarão do restante.
Mas, porque a construção do muro?
Bem, o novo presidente norte-americano é contra os imigrantes ilegais. Em um discurso discriminatório contra os mexicanos, Trump chamou todo um povo de criminoso, atribuindo-lhe a responsabilidade pela presença das drogas e do crime em solo estadunidense.
A busca por estabilidade financeira, emprego e de melhores condições de vida impele milhares de pessoas a tentar estadias ilegais nos Estados Unidos há décadas. Dados do Instituto para Análises de Defesas avalia que 200 mil pessoas entraram ilegalmente pela fronteira sul em 2015, contra 2 milhões no ano 2000. A maior parte dos imigrantes busca o Texas e o Arizona como porta de entrada.
E após a assinatura do Nafta (bloco econômico que une EUA, Canadá e México), inúmeras empresas norte-americanas funcionam na fronteira, produzindo eletroeletrônicos, com baixo custo, aproveitando-se da mão de obra barata mexicana, nas chamadas empresas maquiladoras. Quando o bloco foi oficializado, no início dos anos 1990, o salário médio estadunidense era oito vezes maior do que o mexicano. Empresários do Norte aproveitam-se, há décadas, dessa vantagem produtiva.
O Nafta não significou melhorias econômicas para o México, e as vantagens concentraram mais dinheiro nos Estados Unidos e no Canadá. Desemprego, fome e concorrência são fatores que contribuíram para o escalonamento do fluxo migratório de Sul para Norte.
A fronteira também serve de porta de entrada para as drogas produzidas na América Latina. Na fronteira entre o Arizona (EUA) e Sonora (México) é apreendida quase a metade da maconha traficada ilegalmente para o norte. Os criminosos, de atividades transnacionais, transferem as drogas, através de túneis subterrâneos ou burreros (grupos masculinos que atravessam os desertos com maconha nas costas).
O problema é que fazer obras custa caro! E o novo presidente precisa negociar, com o Congresso, a aprovação da verba. Talvez tarefa fácil, uma vez que o seu partido conta com maioria no Senado e no Parlamento.
As estimativas de Trump informam que o novo muro custaria de US$ 8 bilhões a US$ 12 bilhões. Mas, o Departamento de Segurança Interna avalia em até US$ 21,6 bilhões e uma estimativa independente aponta valores que chegam a 40 bilhões. Quem pagará essa conta?
Donald tem afirmado, desde a corrida parlamentar, que o México ajudaria nos custos da implantação do muro, mas o presidente vizinho já afirmou que não desembolsará nenhum capital para tal empreitada. Mas, de acordo com Trump, os EUA têm meios de fazer com que o México contribua com os gastos. Será que Donald vai interromper o envio de remessas de mexicanos no país para suas famílias? São mais de US$ 25,7 bilhões. Será que a Casa Branca vai financiar o muro com a imposição de taxas alfandegárias de 20% sobre as exportações mexicanas para os EUA?
E a pergunta que não quer calar: será que o muro servirá para deter a entrada ilegal de drogas e pessoas?