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Emancipação da mulher foi um dos fatos mais importantes do século XX

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Ainda nos dias de hoje muitas mulheres acham que o sonho de Clara Zetkin de transformar o Dia Internacional da Mulher numa bandeira de luta foi por água abaixo. Argumentam que a data perdeu seu conteúdo político e virou algo puramente comercial e festivo. Apesar dos inegáveis progressos, ainda há muito a ser discutido. A diferença entre os salários masculinos e femininos persiste, as mulheres enfrentam problemas nas relações trabalhistas e poucas se tornam chefes.

O tema ainda hoje provoca controvérsias. Parte das mulheres acredita que há discriminação. Outra, que os ganhos foram muitos e realmente mudaram a história da humanidade. Mas quando se analisa toda a história do mundo ocidental, pode-se ter uma ideia mais abrangente sobre o quanto foi ganho.

História do preconceito — O preconceito contra a mulher vem de longa data, e já existia nas origens de nossa civilização greco-romana. Na época de ouro da Grécia, no século V a.c., as mulheres eram excluídas da vida política, social e intelectual da cidade. Todos os textos da época que chegaram até nós foram escritos por homens. Essas fontes podem nos dar uma ideia distorcida da realidade. Eles nos informam mais sobre a visão que os homens tinham das mulheres do que sobre como elas de fato viviam.

Os estudiosos têm posições divergentes sobre o papel da mulher na sociedade grega. Para alguns, elas gozavam de liberdade em todas as áreas, exceto na política. Para outros, as mulheres gregas eram quase tão reclusas quanto as orientais.

Um dos mais conhecidos mitos gregos é dá a dimensão dessa opinião desfavorável à mulher na época clássica. O mito fundador da "raça das mulheres" é o da caixa de Pandora, contado por Hesíodo no fim do século VIII antes de Cristo. Diz a história que Zeus criou as mulheres com o único fim de punir os homens por terem roubado o fogo de Prometeu. É daí que se origina a carga maldita atribuída às mulheres, que seriam uma flama terrível instalada no meio dos homens.

Reza a lenda, em outra versão da história, que, quando a cidade de Atenas precisou eleger um deus tutelar, teve que escolher entre Poséidon e Athéna. As mulheres votaram em massa na segunda. Sentindo-se humilhados por terem uma mulher como patrona, os atenienses retiraram o direito de voto das mulheres.

Versões a parte, a emancipação feminina só começou mesmo durante a Revolução Francesa, em 1789. Mas ainda assim existe um grande paradoxo quando se analisam os fatos da época. Apesar da proclamação da universalidade dos direitos do homem, as mulheres continuavam excluídas da vida política. Montesquieu, um dos maiores teóricos do Iluminismo, deplorava o "gênio feminino da intriga" e dizia que isso fazia das mulheres um Estado dentro do Estado.

A grande virada — As coisas só começariam a mudar no século XIX. No dia 8 de março de 1857, foi organizada em Nova York a primeira manifestação encabeçada por mulheres. Na ocasião, morreram 129 grevistas de uma indústria têxtil, queimadas e sufocadas num incêndio criminoso. Em 1910, durante o 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, a militante Clara Zetkin propôs que o dia 8 de março fosse transformado no dia da mulher e servisse como uma bandeira política.

Nos Estados Unidos, a luta das mulheres pela igualdade começou em 1869, com as chamadas "suffragettes". O movimento reunia intelectuais da classe média americana.

Mas o primeiro país a permitir o voto feminino foi a Nova Zelândia, em 1893. A grande virada aconteceu com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando as mulheres tiveram que trabalhar nas fábricas enquanto os homens lutavam na frente de batalha.

Em 1949, o livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, foi um marco. A escritora encarnava, com alguns anos de antecedência, as aspirações das mulheres à independência. Defendido por cristãos progressistas e intelectuais de esquerda, O Segundo Sexo era uma discussão filosófica de mais de mil páginas que prenunciava os combates feministas dos anos seguintes. O livro vendeu mais de 20 mil exemplares na primeira semana. Foi rapidamente traduzido para o alemão, o inglês e o japonês. Mas os frutos concretos dessas ideias de Simone de Beauvoir só viriam na década de 70, com a invenção da pílula anticoncepcional e a aprovação do aborto em alguns países.

No Brasil, a mulher que mais se destacou nessa luta foi a bióloga Bertha Lutz. Ela estudou na Europa entre 1911 e 1918, onde acompanhou o movimento das sufragistas inglesas. Quando voltou ao Brasil, Bertha defendeu a criação de uma liga feminina brasileira. Para ela, o voto era o primeiro passo para atingir a cidadania plena. Depois disso, viriam a educação e o espaço no mercado de trabalho.



Em 1922, o I Congresso Feminista Brasileiro tinha como lema "Educação, Trabalho e Voto". As brasileiras, no entanto, só conseguiriam progressos em 1932, quando o presidente Getúlio Vargas concedeu às mulheres o direito de votar e de se candidatarem. Em 1934, Bertha Lutz foi eleita deputada para a Assembléia Constituinte.
       
A mulher no Afeganistão — É preciso entender que a emancipação feminina foi um fenômeno gestado na civilização ocidental, cujos valores foram moldados pela Revolução Francesa. Em muitos países do Oriente Médio, por exemplo, a situação da mulher sequer está longe de ser de igualdade em relação aos homens. Muitas vezes, é uma situação de desumanidade. É o caso das mulheres do Afeganistão.

Em 1996, o Talibã — uma milícia fundamentalista islâmica ultra-ortodoxa — tomou o poder no país e destituiu as mulheres de todos os seus direitos humanos básicos. Os talibãs impedem as mulheres de estudar e trabalhar e as obriga a usar um burka (vestimenta que as cobre dos pés à cabeça e que as impede de serem vistas).

Elas também são privadas do direito de ir e vir, do direito à saúde, do direito ao recurso legal, do direito ao lazer e do direito de ser humano. O fundamentalismo islâmico vê a mulher como um ser inferior — quase animal — destinada apenas aos serviços escravos em casa ou à procriação. Elas também não podem calçar sapatos com cores vibrantes, mostrar os calcanhares, falar alto e fazer barulho ao andar. As que não obedecem às regras são brutalmente espancadas e às vezes até mutiladas. As mulheres afegãs ainda vivem, num ambiente que se traduz como um verdadeiro inferno, a sua pré-história.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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